Remember

Eu me lembro muito bem da última vez em que passei essa mesma mala por essa porta. Eu estava indo ao seu encontro. Estava deixando todos os meus medos e anseios para trás, e indo em direção à única coisa que me importava naquele momento: você. E deu certo? Não há uma resposta certa para essa pergunta. Ainda consigo te sentir em meus braços. Ainda posso ouvir o som das pessoas e dos carros na Vinícius de Moraes e ainda sinto o cheiro salgado do mar. Ainda me lembro direitinho da vista do meu apartamento e daquela mulher que tomava sol com o filho todos os dias. Ainda consigo ouvir sua voz, ainda que bem longe, vindo do meu telefone. Aquele porteiro chato que implicava comigo e a vaga do meu tio que nunca estava livre. Ainda percebo meu coração disparando como fez na primeira vez em que coloquei meus olhos em você. Era tudo o que eu queria. Tudo o que eu mais almejava, bem ali, na minha frente. Eu me lembro do seu cheiro e do modo como você falava. Tão linda. Me lembro da minha timidez e de certa forma, tolisse. O modo como eu ficava sem reação perto de você. Me lembro de cada detalhe seu. Eu não ousaria perder um milímetro sequer. Ainda me lembro de tudo. De quando nos abraçamos e aquela vontade enorme de te apertar em mim e não te soltar nunca. Eu guardo ela comigo, pra que no dia em que eu te ver de novo, eu possa fazer isso. Ainda lembro da minha insegurança horas antes de viajar, e das mensagens trocadas que me confortaram tanto. Seria bom poder dizer que ainda as tenho no meu celular, mas não, eu não as tenho. Me lembro de cada pensamento idiota, que até hoje me atormenta. A única coisa de que eu não me lembro, é como eu consegui te ter tão perto e ao mesmo tempo, eu te achava tão longe. Eu estava ali, dividindo um espaço bem próximo ao seu, e eu não precisava de mais nada, a não ser da certeza de que isso não ia acabar. Eu ainda preciso dessa certeza, mas talvez o meu medo não me deixe mais ter tanta urgência. Eu ainda sinto o mesmo amor que eu sentia.