E eu pensava que o pior sentimento era ter raiva de alguém. Não. O pior é ter raiva de si mesmo. É não conseguir corresponder ao que você (pensa que) é. É pior você vê que tem uma concepção de vida pronta, na sua cabeça, que é a ideal para você, mas que, na prática, você não é. Não. Você chega a ser quase hipócrita, quando fala o que pensa. Porque você não corresponde com isso. Você é totalmente avesso ao que você pensa que é. O pior é isso. O pior, é pensar que você é uma coisa, e aos poucos, ir percebendo que você não. O pior, é você querer ser de um jeito, e perceber que você não consegue. O pior, é a raiva que isso trás. É a vontade de dormir e só acordar quando você tiver mudado. É a vontade de chorar e só parar quando você descobrir porquê você é assim. Por quê? O pior é a sensação de que você não é nada, que fica no peito. Porque, se você não é o que você pensa que é, o que você é, afinal? Um tanto de ideias erradas, que se perdem no meio de outras concepções (falsas) que você tem da vida. O pior, não é decepcionar só a você, mas quem você ama e (principalmente) quem te ama.
sexta-feira, abril 15, 2011
sexta-feira, abril 08, 2011
Over the Rain
Ela estava na janela, enquanto observava a chuva que aos poucos começava a cair, lavando as folhas secas que o outono trouxera. A cidade nunca havia parecido tão silenciosa, e ela nunca se sentira tão sozinha.
Enfadada daquela atividade, ela saltou da sacada e foi ao seu segundo lugar preferido naquela casa: a cozinha. Ana procurava um Donut, enquanto ouvia Félix miando ao longe; deveria estar com fome, também. A menina já ia levando o alimento ao seu pequeno companheiro, quando vislumbrou-se no espelho do corredor. Não estava nada atraente. Seu rosto ainda estava amarrotado, pela noite mal dormida. Trovões sempre a assustaram; a luminosidade fraca, não favorecia seus cabelos castanhos, que ganhavam um tom opaco, como aqueles que não se lava há tempos. Olhou-se novamente, e riu. Gostava da forma como as luzes do móbile da janela brincavam, dançando em seu rosto, no ritmo do vento.
Félix miou outra vez. Estava realmente com fome. Ana então, findou o que fazia, cessando qualquer indício de pensamento que ousava se iniciar. Concentrou-se em Félix. A chuva já se cansava de cair, e produzia um som quase inaudível, ao bater na rua de asfalto daquela cidade enorme e silenciosa.
A menina, então, alimentou devidamente o seu amigo, afagando-lhe a face; recebeu uma ronronada como resposta. Preguiçosamente, tomou o pequeno angorá, preto e branco, nos braços, voltando à primeira posição do dia: estava deitada, fitando, incansávelmente, o teto do quarto, que servia de cenário para aqueles antigos pensamentos, que insistiam em renascer.
Saudade
E pode ser que a saudade seja essa coisa louca de se ter. Mas me disponho a sentir e a passar por qualquer e toda complicação que me permita te fazer parte da minha vida.
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