Depois de algum tempo, eu pude concluir que eu não me encaixo nessa sociedade. Sociedade. s.f 1. Parceria. Até que ponto iria tanta falsidade? Não, eu realmente sou diferente do resto do mundo. Quero dizer, ninguém é igual, mas eu não consigo me enquadrar em algo é falso, a começar pelo nome. Sociedade. Parceria. Mutualidade, certo? Eu te ajudo e você me ajuda. Errado. Eu fico amigo de você, porque você vai me ajudar a chegar ali, e quando eu conseguir, eu vou te deixar pra trás, porque você está ocupando o meu lugar. Não entra na minha cabeça essa concepção capitalista na qual estamos todos integrados. Não dá pra acreditar no escarcéu que a mídia faz, para, no fundo, te atingir sutilmente com um golpe de inteligência e te induzir a ser falso, desonesto, interesseiro. Está em todos os lugares e nós vemos isso o tempo todo. Mas já estamos cegos, já crescemos nessa sociedade medíocre, capitalista e cheia de pessoas sansadorninhas. Não entra na minha cabeça, que você consiga ver a amizade como um comércio de pessoas e interesses. Que você não se sinta nem um pouco mal, por estar mentindo e indo contra os princípios éticos. Não creio que não tenha princípios éticos. Me magoa profundamente o descaso das pessoas para com os nossos sonhos. A única forma que temos de criar uma realidade utópica e fugir desse "mundo cão", onde matam por diversão. A única coisa que não podem nos tirar, nossos desejos. Eles enfatizam e ao mesmo tempo, nos deixam descrentes de algo maior, algo melhor. "A sociedade já está estagnada", um professor me disse uma vez. Professor. O único profissional que deveria acreditar em nós, independente do que quisermos. A única pessoa que não deveria deixar com que desistíssemos do que acreditamos, não deveriam desacreditar. Eu penso naquela menina fútil que deita seu cabelo alisado no travesseiro de noite, e pensa em que roupa vai usar na festa de amanhã. Será que ela não sonha com todo mundo que fez de otário, só para conseguir convite para a tal festa? Ou ela não se sente mal por ter feito essas pessoas de otário? E aquela menina que deixou suas amizades verdadeiras de lado, para se juntar à tal menina do cabelo alisado e conseguir ''ficar'' com aquele menino que só pensa em exibir meninas excêntricas e ''burras'', que pintam seus cabelos da cor da moda e compram uma meia dúzia de Givenchy e saem na rua semi-nuas só para serem notadas. O que seria isso, se não um C-O-M-E-R-C-I-O? Você vende sua imagem, vende seus ideais, vende seu suéter de seis anos que sua avó te deu, vende suas notas, seus óculos, seus livros, seu cabelo, sua liberdade de expressão.. Vende e vira propriedade dessa tal ''coisa'' denominada sociedade. E até onde você é capaz de ir, para ser aceito por um grupo, que você sabe que depois de algum tempo, vai te descartar e substituir? ''Just do it''. Slogan de uma marca famosa. Ou seja, hedonismo. ''Sorria para a vida de uma forma capitalista.'' Acabei de ler isso em um blog. Hah. No meu ver, é pleonasmo. Você só sorri, porque vive em uma sociedade capitalista e alguma coisa aconteceu e te impulsionou a fazer isso. Ganhou um carro, uma roupa, uma bala, um brinquedo.. Não saberia sorrir se não tivesse motivos concretos, físicos. O abstrato já não te satisfaz, e suas noções de ''parceria'', de longe, estão remotas. Então, o que te resta.. Ou melhor, o que nos resta. Afinal, critico, mas admito: ''a sociedade está estagnada''. Então, o que nos resta, é aceitar e, pelo menos, tentar, nos enquadrar nesse modo de vida no mínimo ''estranho'', que nos é imposto.
Concordo com você, vivemos em uma sociedade cruel, massificadora que rejeita o diferente, individualista, compulsiva etc, mas ainda é possivel achar pessoas que valorizem outras coisas, não estamos estagnados, lentos talvez, mas eu ainda acredito que um dia deremos um basta no poder da mídia e seremos somente nos mesmos.
ResponderExcluirbeeeijos