Já não sentia mais nada. Talvez apenas o gosto amargo da derrota que lhe insistia em tomar os lábios. Buscava desesperadamente alguma opção que lhe permitisse pensar, sem azedume, em qualquer forma de se definir. Sua mente andara vazia, insípida; e ele sempre se perdia, em meio a tantas formas de se ver. O espelho não era fiel quando retratava, de certa forma, o rosto pálido, as feições ossudas e o olhar turvo, que se perdera no meio da noite. Ele não sorria, sem ao menos se preocupar com as luzes que lhe eram refletidas nos olhos. Estreitava-os. Tentava, sem sucesso, enxergar além daquela projeção. Findou-se. De cansaço, desistiu. Deu-se as costas e saiu, ignorando completamente a pseudo-imagem que lhe era imposta. Não se importava. Iria para um pseudo-lugar, procuraria um pseudo-amante e viveria a sua pseudo-vida. Sobrevivendo, certamente, um dia após o outro.
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