Um pouco como se você se sentisse vazio. Entende? É quase como se você tivesse perdido alguma coisa. Não, eu não perdi. Aliás, ultimamente tenho ganhado muitas coisas. Ganhei um colar e boas notas. Ganhei alguém com quem me preocupar. Ganhei sorrisos e até uns quilos a mais. Ah, talvez seja isso que mate qualquer mulher. Ou talvez seja a falta de amor. Mas, o amor não está tão longe, não é? Complicado distinguir, mas muita coisa, hoje em dia, é amor. Ou quase amor. Quase amor? Não sei. Não dá pra ser quase legal, ou quase chato. Não dá pra ''quase amar''. Talvez se eu inventasse um verbo: eu quaseamo. Quaseamo o menino mais engraçado da minha sala, que vira e mexe ataca de repentista. Quaseamo aquele bolo de chocolate da minha avó, que só não amo porque me engorda. Quaseamo aquela blusa velha, que não sai da minha gaveta de pijama por nada. Quaseamo tanta coisa. Quaseamo o modo como o meu coração salta quando ele está perto de mim. Quaseamo aquele frio que dá na barriga quando ele ri pra mim. Quaseamo aquela sensação que treme o corpo todo quando eu recebo uma mensagem, que eu quaseamaria se fosse dele. E eu quase amo mais ainda, essa capacidade de fugir totalmente de algo. Não, não quaseamo isso. Mas seria como se minha mente sempre fugisse daquilo que eu teimo em buscar. Que, na verdade, eu não ando teimando muito. Não. Eu não tenho procurado muitas coisas para ''quaseamar''. Eu já quaseamo tudo o que eu quero. Eu estou quaseamando alguma coisa, que é linda demais para não-quaseamar. Talvez eu quaseame essa sensação que sempre me dá quando eu escrevo, que somente eu estou entendendo. Essa sensação de que, só se você estivesse na minha mente, agora - mas não nos meus pensamentos, na minha mente mesmo. Dentro dela. Vasculhando e remexendo tudo - que você entenderia qualquer coisa que eu tentei escrever. Quaseodeio ter que ir fazer o meu dever agora.
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