Parei de escrever. Mas não por não ter mais vontade; apenas por não sentir necessidade. Não preciso mais de cutucar nada. Não quero reviver nada. Não sinto aquela ânsia louca de fazer sangrar. Às vezes viro um daqueles "escritores que não escrevem"; Me vem uma ideia, que nunca é realizada. Fica lá, bem quietinha. E agora, ela resolveu se revelar. Me veio como aquela vontade insana que você tem de comer chocolate no sábado antes da páscoa. Me veio, meio louca, meio sozinha, meio indecisa. Sim, indecisa. Talvez parte dessa indecisão seja minha. Talvez por eu não conseguir encontrar as palavras certas. Desespero. Meus textos nunca fizeram sentido, mas agora, sem as palavras... Desespero. Falta de prática, talvez. Me pergunto agora: por que parei? Eu gostava disso. Desse mundo individual. Desse pequeno pedacinho utópico que me ocorria toda vez que eu vinha trazer algo de mim. Talvez falte insipiração. Talvez eu sinta falta daquela ferida antiga que eu insistia em fazer arder. Ardia. E porque ardia, vivia. Vivia a vontade de inventar um final feliz. Mas e agora? E agora que eu já tenho o meu final feliz? Quem sabe por quanto tempo eu ficarei assim, perdida nas palavras? Desesperada, buscando algum significado novo, alguma expressão, alguma coisa que me motive a criar de novo esse universo utópico, em que meus finais não eram tão finais. Mas e enquanto eu quiser me manter aqui, sentada, quieta, no meu mundo real, será que as palavras continuarão a brigar comigo? Talvez eu deva pedir uma trégua. Talvez eu deva mostrá-las que a realidade não é assim tão ruim. Quem sabe elas sentem vontade de falar sobre algo que não seja idealizado, sobre algo que ainda esteja para acontecer e que elas não tenham controle nenhum, repito, nenhum, sobre o final. Acabou de me ocorrer, que talvez essas palavras sejam um pouco egoístas. Talvez elas estejam assim, fugindo de mim, por simplesmente não aceitarem que elas não tenham controle sobre o que está pra acontecer. Porque mesmo que eu não as contasse, elas, secretamente, sabiam o que era o final. E agora, que eu não quero que esse final chegue, elas estão assim, protestando desesperadamente contra mim, sem sequer aceitarem um desafio. Mas quer saber? Desafiá-las-ei, pois necessito de mostrar à elas - e a quem mais quiser ver - que a realidade pode não ser a melhor das utopias, mas ela é, sim, algo pelo que se vale a pena morrer.
domingo, julho 24, 2011
sábado, maio 21, 2011
Green
E às vezes eu penso "por que eu?". Com tantas outras opções, por que eu? Mas aí, me vem na memória o jeito que a gente se olha. O jeito que a gente brinca no meio dos seus amigos e eles ficam nos olhando com aquela cara de "que porra cês tão fazendo?". Aí, eu lembro daquele ponto fraco que você tem, que me dá vontade de ficar mordendo pra sempre, só pra ficar escutando sua respiração ficando cada vez mais rápida. Aí eu lembro de como a gente pensa tão igual, às vezes. De como a gente pergunta "o que foi?", mesmo sabendo que não é nada. De como a gente se xinga. E eu lembro de quando eu fico fazendo manha e você vem todo lindo, me abraçando e me amolecendo. E aí, eu penso que se não fosse eu, quem seria? Com quem você ia ter as nossas piadas internas? Quem ia fazer competiçõezinhas bestas com você? Será que alguém ia amar te fazer cócegas, do mesmo jeito que eu amo? Eu só acho que a gente é bom junto. E eu gosto disso. Eu gosto de ficar com você. E eu gosto das suas cantadas idiotas. E eu gosto, muito, de ficar rindo de nada. De passar o tempo com você e com aquele povo todo que sempre tá junto. Porque eles são parte de você. E qualquer coisa que seja parte de você, tem alguma importância pra mim. Porque é bem simples. Eu gosto de você. Eu gosto de saber de você. Eu gosto do que tem a ver com você. Eu gosto de você.
sexta-feira, abril 15, 2011
O pior.
E eu pensava que o pior sentimento era ter raiva de alguém. Não. O pior é ter raiva de si mesmo. É não conseguir corresponder ao que você (pensa que) é. É pior você vê que tem uma concepção de vida pronta, na sua cabeça, que é a ideal para você, mas que, na prática, você não é. Não. Você chega a ser quase hipócrita, quando fala o que pensa. Porque você não corresponde com isso. Você é totalmente avesso ao que você pensa que é. O pior é isso. O pior, é pensar que você é uma coisa, e aos poucos, ir percebendo que você não. O pior, é você querer ser de um jeito, e perceber que você não consegue. O pior, é a raiva que isso trás. É a vontade de dormir e só acordar quando você tiver mudado. É a vontade de chorar e só parar quando você descobrir porquê você é assim. Por quê? O pior é a sensação de que você não é nada, que fica no peito. Porque, se você não é o que você pensa que é, o que você é, afinal? Um tanto de ideias erradas, que se perdem no meio de outras concepções (falsas) que você tem da vida. O pior, não é decepcionar só a você, mas quem você ama e (principalmente) quem te ama.
sexta-feira, abril 08, 2011
Over the Rain
Ela estava na janela, enquanto observava a chuva que aos poucos começava a cair, lavando as folhas secas que o outono trouxera. A cidade nunca havia parecido tão silenciosa, e ela nunca se sentira tão sozinha.
Enfadada daquela atividade, ela saltou da sacada e foi ao seu segundo lugar preferido naquela casa: a cozinha. Ana procurava um Donut, enquanto ouvia Félix miando ao longe; deveria estar com fome, também. A menina já ia levando o alimento ao seu pequeno companheiro, quando vislumbrou-se no espelho do corredor. Não estava nada atraente. Seu rosto ainda estava amarrotado, pela noite mal dormida. Trovões sempre a assustaram; a luminosidade fraca, não favorecia seus cabelos castanhos, que ganhavam um tom opaco, como aqueles que não se lava há tempos. Olhou-se novamente, e riu. Gostava da forma como as luzes do móbile da janela brincavam, dançando em seu rosto, no ritmo do vento.
Félix miou outra vez. Estava realmente com fome. Ana então, findou o que fazia, cessando qualquer indício de pensamento que ousava se iniciar. Concentrou-se em Félix. A chuva já se cansava de cair, e produzia um som quase inaudível, ao bater na rua de asfalto daquela cidade enorme e silenciosa.
A menina, então, alimentou devidamente o seu amigo, afagando-lhe a face; recebeu uma ronronada como resposta. Preguiçosamente, tomou o pequeno angorá, preto e branco, nos braços, voltando à primeira posição do dia: estava deitada, fitando, incansávelmente, o teto do quarto, que servia de cenário para aqueles antigos pensamentos, que insistiam em renascer.
Saudade
E pode ser que a saudade seja essa coisa louca de se ter. Mas me disponho a sentir e a passar por qualquer e toda complicação que me permita te fazer parte da minha vida.
quarta-feira, março 30, 2011
Nostálgico
Seria impossível eu não sentir a sua falta, a cada minuto, cada segundo, cada dia. A cada pensamento, a cada música, a cada noite. Noite. É quando me dói mais. É quando eu penso que era pra você estar ali, comigo, com seu corpo bem juntinho e a respiração no meu pescoço. É quando eu penso que a gente deveria ter durado. A gente tinha que ter durado. A gente se perdeu. Sabe, como quando se perde alguma coisa nova. Porque a gente era novo pra gente. O que a gente tinha, era novo. O que a gente era, era novo. O que a gente seria, era mais novo ainda. Mas não fomos. Só sei que fomos tudo o que poderíamos ser, até aquela hora. Não perdemos nada, não faltou nada. Não faltou amor. Não. Amor não. Amor a gente tinha (tem) de sobra. Amor a gente não precisava inventar. Amor. A gente era isso. Nada mais, nada menos. Éramos amor, e deveríamos ser amor. Agora, nós somos distância. Saudade. Vontade. Qualquer um que não tenha o que a gente teve, não saberia explicar porque acabou. Acabou. Como quando você termina de comer o seu último pedaço de chocolate. Acabou. Voou. Virou estrela. Virou vento. Virou nada. Nada, não. Virou lembrança. Virou coisa que fica guardada à sete chaves, na gaveta do porão da casa da sua avó. Mas virou. Virou alegria. Porque tristeza, a gente não tinha. Não. Nada poderia virar tristeza. A gente era feliz. E quem é feliz, não vira tristeza. Quem é feliz, vira sorriso. Nostalgia, no máximo. Mas nunca tristeza. Tristeza é pra quem não teve amor, e isso a gente teve. E muito.
terça-feira, março 15, 2011
Quaseamar
Um pouco como se você se sentisse vazio. Entende? É quase como se você tivesse perdido alguma coisa. Não, eu não perdi. Aliás, ultimamente tenho ganhado muitas coisas. Ganhei um colar e boas notas. Ganhei alguém com quem me preocupar. Ganhei sorrisos e até uns quilos a mais. Ah, talvez seja isso que mate qualquer mulher. Ou talvez seja a falta de amor. Mas, o amor não está tão longe, não é? Complicado distinguir, mas muita coisa, hoje em dia, é amor. Ou quase amor. Quase amor? Não sei. Não dá pra ser quase legal, ou quase chato. Não dá pra ''quase amar''. Talvez se eu inventasse um verbo: eu quaseamo. Quaseamo o menino mais engraçado da minha sala, que vira e mexe ataca de repentista. Quaseamo aquele bolo de chocolate da minha avó, que só não amo porque me engorda. Quaseamo aquela blusa velha, que não sai da minha gaveta de pijama por nada. Quaseamo tanta coisa. Quaseamo o modo como o meu coração salta quando ele está perto de mim. Quaseamo aquele frio que dá na barriga quando ele ri pra mim. Quaseamo aquela sensação que treme o corpo todo quando eu recebo uma mensagem, que eu quaseamaria se fosse dele. E eu quase amo mais ainda, essa capacidade de fugir totalmente de algo. Não, não quaseamo isso. Mas seria como se minha mente sempre fugisse daquilo que eu teimo em buscar. Que, na verdade, eu não ando teimando muito. Não. Eu não tenho procurado muitas coisas para ''quaseamar''. Eu já quaseamo tudo o que eu quero. Eu estou quaseamando alguma coisa, que é linda demais para não-quaseamar. Talvez eu quaseame essa sensação que sempre me dá quando eu escrevo, que somente eu estou entendendo. Essa sensação de que, só se você estivesse na minha mente, agora - mas não nos meus pensamentos, na minha mente mesmo. Dentro dela. Vasculhando e remexendo tudo - que você entenderia qualquer coisa que eu tentei escrever. Quaseodeio ter que ir fazer o meu dever agora.
sexta-feira, fevereiro 11, 2011
To be or not to be?
É esse meu medo de decepcionar, de não suprir as expectativas. Eu me basto, é claro. Mas parece que isso não é o suficiente. Os outros sempre esperam mais de mim. Eu não muito mais pra dar, a não ser o que eu sou, no meu íntimo. Tranparência e nada mais. Não vou fingir ser o que eu não sou, só para agradar uma sociedade, ou meus pais. Meus pais, principalmente. Alguém já parou pra pensar, o quanto dói perceber que seus pais esperavam que você fosse algo que não é? Dói mais do que dor de amor. Porque é dor de culpa. Dor de falha. Você sente que falhou consigo mesma, afinal, eles são parte de você. Você sente que não valhe mais tanta coisa, porque você não consegue ser, o qe esperam que você seja. Deveria ser errado, você querer ser, o que não é. Eu não quero. Mas é mais fácil mudar o que eu sou, do que tentar explicar a concepção desse mundo louco que é o meu interior. Ninguém entenderia, afinal, ninguém, a não ser eu, sente tudo isso. Uma mistura louca de sentimentos, que me faz confusa e incerta, sem saber qual caminho seguir. Autoconfiança, deveria vir embalado, desde que você nasceu, e você iria pegando, aos poucos, a medida que fosse precisando dela. Eu já teria acabado com o meu pote.
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
Azedume
Já não sentia mais nada. Talvez apenas o gosto amargo da derrota que lhe insistia em tomar os lábios. Buscava desesperadamente alguma opção que lhe permitisse pensar, sem azedume, em qualquer forma de se definir. Sua mente andara vazia, insípida; e ele sempre se perdia, em meio a tantas formas de se ver. O espelho não era fiel quando retratava, de certa forma, o rosto pálido, as feições ossudas e o olhar turvo, que se perdera no meio da noite. Ele não sorria, sem ao menos se preocupar com as luzes que lhe eram refletidas nos olhos. Estreitava-os. Tentava, sem sucesso, enxergar além daquela projeção. Findou-se. De cansaço, desistiu. Deu-se as costas e saiu, ignorando completamente a pseudo-imagem que lhe era imposta. Não se importava. Iria para um pseudo-lugar, procuraria um pseudo-amante e viveria a sua pseudo-vida. Sobrevivendo, certamente, um dia após o outro.
quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Blind Mind
Eu acho que tenho um pouco de medo de encarar, de fato, o mundo em que vivemos. É como muita gente diz, - e estão certos - não quero enxergar. Não quero acreditar que o ser humano é cruel e insensível. Não. Eu não quero um mundo assim, então, eu me cego para esses fatos, que confirmam a nossa decadência.
quarta-feira, janeiro 12, 2011
Incerto
Confuso. Perdido. Sozinho. Todos esses adjetivos cabem a mim. Sinto como se algo vital me tivesse sido arrancado, mas não consigo descobrir o que. Pensei que já tivesse superado sua falta. Ou sua falta de atenção. Quem sabe, eu não tenha. Pensei que você não iria mais invadir minha mente todas as noites e não me traria tantas lembranças. Talvez eu devesse me distrair mais, mas tudo o que me diverte, me lembra você. Minha mente não pensa mais por mim. Aonde estão os meus sentidos? Com você, eu espero.
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